Carregas no peito
um cárcere de mágoas,
aprisionadas de desacertos
e desencantos.
O tempo te arde
na pele sulcada
pelas linhas do desalento.
Teus olhos espelham
uma esperança aguilhoada
de incertezas,
sangrando-lhes os reflexos
de um futuro.
Agora vives encolhido
nas rusgas do tempo,
cuja herança maior é
a memória dos ocasos,
a certeza dos outonos
e o olor de muitas saudades
contemplado nas vicissitudes
do afeto.
Celebrar crepúsculos é
teu mais ousado sonho,
porquanto carregas a solidão
fossilizada nos ossos.
Elizabeth F. de Oliveira
Imagem: Autoretrato de Vincent Van Gogh
7 comentários:
Vir aqui é mergulhar na poesia.
Lindo poema!
Abraço e bom final de semana, Elizabeth!
Lindo, Elizabeth! E só mesmo quem tem a poesia na alma pode imaginar a dor da solidão fossilizada nos ossos. Boa semana, amiga.
Não sei se por amar tanto o período do Impressionismo na Pintura, achei teus mais belos este "Retrato" e tua "Enseada", minha poetISA querida: nos mesmos tons das pinceladas aparentemente superficiais, cravaste ritmo e imagens tais quais as marcantes obras dos mestres Monet e VanGogh! Meu abraço poético, esperando você de volta para mais poemas nos Morcegos (lá também inspirado em arte: as mulheres do Fellini)!
Belo e doloroso retrato de van Gogh!
Belo e doloroso retrato de van Gogh!
Brilhante.
Este será o teu melhor poema de sempre. Mas não tenho a certeza porque já não me lembro do que li e há muitos que nem os vi.
Em qualquer caso, qualquer poeta, mesmo de nomeada, gostaria de ter feito este poema.
Os meus aplausos, querida amiga Elizabeth.
A escolha da foto/tela do Van Gogh foi perfeita.
Beijos.
... contudo, os sonhos permanecem vem vivos, plenos de audácia, desafiando todas as angústias, todos os medos, todas as hesitações!...
Beijosss...
AL
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