Um poema inacabado É sempre muito frustrante, Ter que deixá-lo de lado Porque a inspiração, (Companheira constante) Num gesto de insubordinação, Preferiu a vida itinerante E mudou de coração. O papel ficou jogado E o possível poema (não terminado) foi então abandonado. Perdeu-se o tema.
Assombra-me o sentimento As paisagens semânticas do teu universo. Perco-me nas curvas metafóricas Pontilhadas diligentemente Com a caneta da tua emoção. Afogo-me nas correntezas Das tuas palavras tão plenas De uma significação oculta, Mas transparente. Aquieto-me quando finalmente Consigo fundir-me com teu Emaranhado poético.
Chove purpuramente No meu quintal Flores em fragmento. Poesia visual Só para o meu alento; Vestígios da estação, Cobertor de sentimento, Que se deita sobre o chão, Cobrindo a poeira do vento. Por isso, cruzo os dedos, Para que caia mais flor E revele todos os segredos Da poesia púrpura do Criador.