quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Cumplicidade


Lamento
que da tua boca
sobressaiam silêncios;
que nos teus olhos
desenhem-se miragens.
Só me resta
extrair dos teus dedos
o contorno preciso
das linhas de afeto
que sublinham
vivências desenhadas
pela cumplicidade dos anseios.






Elizabeth F de Oliveira
Foto Cláudia Barros

sábado, 15 de novembro de 2008

Manhãs




Compreendo a melancolia
Do nascente que sepulta,
A cada velho dia,
Os últimos raios de luz
Num poente instante.
As manhãs renascem
Para morrerem lentamente
No ocaso de todo dia.
Elas ensaiam,
Bem diante dos nossos olhos,
O momento derradeiro.
É quando tudo torna-se finito,
Efêmero,
Sem a mínima chance de absolvição.





Elizabeth F de Oliveira
Foto Raphael o pensativo

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Descaminho


Minhas mãos me doem
O caminho,
Calejam-me a caneta
De dedos de insistência.
A direção que me aponta
O papel é trajeto único,
Caminho sem volta,
Volta sem caminho,
Percurso sem curso,
Caminho que se desfaz,
Descaminho.
Quedo do cansaço,
Visto que sobre mim,
Ele caminha
E com palavras pisa-me
O itinerário de pensamentos;
Sem remetente,
Sem destinatário,
Mas com um guia de persistências.






Elizabeth F de Oliveira
Foto Descaminho/Márcio Negrão