sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A NOITE LÁ FORA







Estou com pena 
de deixar a noite lá fora,
nessa madrugada de setembro sem outubro.
Cerrar a porta e abandoná-la
sem despedida, mas com a assinatura
do vento nos cabelos.
Estou com pena 
de deixar a noite lá fora,
Com a lua cheia tangendo
sozinha o céu,
arrebanhando as estrelas,
como se elas já não tivessem
passado pela porteira do infinito.
Estou com pena
de deixar a noite lá fora,
com esse vento
inventando formas,
desdenhando das sombras
que se alternam à sua vontade.
Estou com pena
de deixar a noite lá fora,
assim, ébria de beleza,
desacompanhada de mim.

Estou com pena de quem deixa a noite lá fora.





Elizabeth F. de Oliveira
Foto: autoria desconhecida





terça-feira, 17 de setembro de 2013

LABIRINTO DAS CERTEZAS




Eu me perdi 
no labirinto da verdade.
E aprendi que o caminho
da certeza nem sempre conduz
à porta de saída
e que nem toda verdade
é precisa ou exata;
sempre há um atalho
conduzindo a estranhas 
incertezas.
Quem se perde,
não está de todo perdido,
porque perder-se é também 
encontrar-se ou, quem sabe,
reconciliar-se com o caminho.






Elizabeth F. de Oliveira
Foto: Daniel Oliveira


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

LABIRINTO DO TEMPO







Esquecida estou
nesse labirinto do tempo.
Rasgam-se séculos
por esses corredores 
que são o meu périplo.
Deambulo solitária
sem respostas ou salvação;
essa clausura imposta
tem o peso de alguma maldição.
Perco-me na condenação
desses corredores sem fim
mas perdida mesma
estou é dentro de mim
nesse espaço-tempo
que não vigora
onde as noites prevalecem
sobre a aurora,
labirinto dentro de mim.
E quando acordo
desse cárcere onírico
sinto meus pés
nesse espaço físico,
frio e sem saída
do labirinto do tempo
onde me encontro
indefinidamente perdida.




Elizabeth F de Oliveira
Arte de Salvador Dali