Quando o cansaço cerra os meus olhos com a lâmina pesada do cotidiano, habito, instantaneamente, o universo paralelo do meu peito. Em um lampejo eterno de segundo, reviso lágrimas e sorrisos; dias ensolarados de êxtase e tempestades de tristezas. Revejo sonhos, propositalmente esquecidos na frustração do tempo. Reacendo lembranças boas, Mantidas, bem guardadas, para casos de sobrevivência. Reanimo os amores que carrego na asfixia do meu peito.
Não é possível reter a voz das intempéries quando ela chega ao vértice da vigência da vida. Ela sibila bem trajada de metáforas, adornada de analogias, para disfarçar os olhos desavisados. Mas com o som que ecoa implorante de mudanças, pode-se pressentir o chamamento retumbante da vida. Mudanças assinalam a próxima tempestade, reiterando a urgência dos sonhos.
O brilho dos teus olhos prescindem palavras; são eles mesmos a grafia mais perpétua do sentimento, sobressaltando inadvertidamente os meus, num voo invisível e arrebatador de desejos consentidos.