segunda-feira, 19 de novembro de 2018
TRAVESSIA
Deixa-me pegar na tua mão
porque o rio é fundo,
tenebroso
e as margens, de incerteza.
Deixa-me pegar na tua mão
para fazer a travessia
nesse vale de tantas sombras.
Deixa-me pegar na tua mão
pois posso ser tragada
pelo medo e não ser capaz
de emergir outra vez.
Deixa-me pegar na tua mão
referta de luz e alento:
meu cais em movimento.
Elizabeth F. de Oliveira
quinta-feira, 1 de novembro de 2018
FUEGO
Flamenco é
flama
fogo
paixão.
Pré-requisitos:
ardência na alma
centelha no coração.
Acessa o primitivo
ateando,
por atrito,
fogo no chão.
Com(passo) ígneo
e sonoro,
marcando
(sob aplausos)
o solfejo do instinto.
Flamenco:
el fuego de la pasión!
flama
fogo
paixão.
Pré-requisitos:
ardência na alma
centelha no coração.
Acessa o primitivo
ateando,
por atrito,
fogo no chão.
Com(passo) ígneo
e sonoro,
marcando
(sob aplausos)
o solfejo do instinto.
Flamenco:
el fuego de la pasión!
Elizabeth F. de Oliveira
sexta-feira, 19 de outubro de 2018
REFLEXÃO
A lombar comprometida
já não sustenta
o peso da vida
sobre esses ossos
tão mortais.
A pressão descontrolada
é batalha líquida
travada na veia
das contradições.
E o coração descompassado
aponta o norte
errado no seio
das emoções.
Elizabeth F. de Oliveira
quinta-feira, 26 de julho de 2018
SUNRISE
para
Isidora Bushkovski
Tua
dança coreografa
meus
olhos de poesia.
Cada
movimento,
um poema
adornado
de silêncios:
a poesia
do inefável
bailando
a ausência
das
palavras.
Um corpo
celeste
uma
estrela que brilha,
na
órbita da leveza,
a dança
da eternidade.
Elizabeth F. de Oliveira
terça-feira, 19 de junho de 2018
ALZIRA DE ALÉM-MAR
Cigana
concebida nas entranhas
dos antepassados,
na clareira do tempo
onde chovem de dor
os dias.
Vieste
para bailar o presente
girando as vicissitudes
de ponta-cabeça.
Na saia,
movimentos de cura
para afogar no oceano
um passado Atlântico
de tristeza e mágoas.
Agora renasces
- sem aviso ou fronteira -
da ponta do lápis
à ponta do pés,
para interromper
o círculo vicioso
de lágrimas
que se instaurou
nos olhos dessas mulheres.
Elizabeth F. de Oliveira
segunda-feira, 21 de maio de 2018
LUCCHESI
![]() |
Marco Lucchesi |
Minha admiração
é reticência,
contemplação -
marco sublime
diante do qual
me curvo
lacerada
por tamanha beleza.
O mesmo Marco
que me povoa
as orações
e por quem rogo
ao Universo
que lhe proteja
a existência:
primordial
única
e eterna.
O Marco,
cujos olhos
permeiam
a verdade poética
da solidão,
da distância,
do abismo
e de Deus.
Elizabeth F. de Oliveira
segunda-feira, 14 de maio de 2018
ESPIRAL
Meus sonhos
invernam
na hesitação dos dias.
Das estações,
o outono principia
hora de dizer adeus
à ardência do verão
à exuberância da primavera
porque o tempo
é silêncio
e a solidão rodopia
suavemente
diante dos meus olhos:
espiral cíclico
da sabedoria.
Elizabeth F.de Oliveira
quinta-feira, 3 de maio de 2018
BELONGING
Pertenço
ao céu e à terra.
sou um misto
de amor e ira:
o yin e o yang
do destino
pisando-me
sobre a cabeça e
adornando pegadas
aos meus pés.
Nascida da eternidade
trago o estigma
da dualidade
queimando o corpo
da existência.
Sigo,
pertencendo a
esses mundos,
cuja substância
carrego inalterada
dentro de mim.
Elizabeth F. de Oliveira
sexta-feira, 27 de abril de 2018
MARCO
para Marco Lucchesi
O meu marco
é sinfonia de silêncio
e o outro Marco,
proximidade
e
distância:
uma miríade
de centelhas luminosas
na nebulosa
beleza de Ser.
Os meus marcos
são, na verdade,
um só
fundidos
na eloquência
de um silêncio
que só o abismo
consegue compreender.
Elizabeth F. de Oliveira
quarta-feira, 25 de abril de 2018
LUGAR
Entre o tangível
e o intangível
tu habitas,
na linha mais tênue
da doçura
tão etérea
quanto efêmera
tão sincera
quanto ingênua;
neste onde
que se esconde
no anonimato
da ternura.
Elizabeth F. de Oliveira
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