Bebo o mar na boca dos meus dias, na ânsia de matar a sede dos olhos. Sorvo a maresia nos lábios, mastigo o sal das areias. Assisto o divagar das ondas, ensaiando o vai-e-vem para algum lugar que não se concretiza; é a minha esperança imersa na orla dos meus dias.
Compadeço-me na reclusão dos dias, jejuando uma saudade que me penitencia. E no confessionário do sentimento, exponho o meu maior pecado: o amor que me nutre de você.
Elizabeth F de Oliveira Foto Paulo Jorge Costa Figueira
A tua presença lançou-se Sobre os meus dias, Tal qual a flecha de Eros, Para contaminar-me De uma emoção perdida, Cujo eco ensurdecia Somente a minha alma. Agora, já atingida, Bebo, comovida, Da taça orvalhada das doces manhãs De uma primavera anunciada Para todos os meses do calendário.
Elizabeth F de Oliveira Foto Pedro Miguel Esteves Cardoso